Hoje
buscarei trazer um novo tipo de informação para o nosso blog. Sempre buscamos
(Leandro Rocha e Marcio Carvalho) tratar de assuntos que abordem uma temática
teológica definida, ou seja, tratamos de assuntos que são diversas vezes
tratados nos púlpitos, mas com uma nova óptica, um olhar mais crítico, e com
vários fundamentos teológicos. A nossa base teológica é justamente essa – a
defesa da fé através de exposições de fatos. Porém hoje eu vou mudar um pouco a
temática e tratar de um assunto diferente.
O
Apóstolo Paulo em sua segunda epístola a Timóteo escreveu as seguintes
palavras:
“Toda Escritura divinamente inspirada é
proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em
justiça, para que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente instruído para toda boa obra.” – 2
Timóteo 3:16,17
O
apóstolo deixou claro que todas as escrituras são inspiradas por Deus e
proveitosas, porém o que nós mais vemos nos púlpitos sãos os mesmos discursos, os
mesmos personagens, as mesmas passagens bíblicas. Os nossos irmãos têm se
esquecido de pelo menos 90% da bíblia, eles apenas focam os seus sermões
naquilo que “traz edificação”, “conversão”, “avivamento”, e se esquecem de
muitas passagens que nos fazem refletir, e ver não apenas Deus em ação, mas
também o indivíduo.
Todos
nós somos filhos, porém apenas alguns sãos pais. Existem sentimentos que apenas
quando nós passamos da categoria de “filhos” para a categoria de “pais” que
conseguimos expressar. Isso é verdade, e muitos filhos só conseguem entender
algumas das atitudes de seus pais, quando eles tem os seus próprios filhos. Porém
hoje eu vou apresentar um personagem bíblico que me impressionou pela a
dimensão do seu amor pelos seus filhos.
Essa
história começa durante o reinado do Rei Davi. Durante o reinado de Davi a
nação de Israel passou por um período de 3 anos consecutivos de fome. Intrigado
com isso Davi buscou uma resposta de Deus para esse problema e Deus disse:
“É
por causa de Saul e da sua casa sanguinária, porque matou os Gibeonitas.” – 2 Samuel 21:1
Diante
dessa revelação divina o Rei Davi decidiu tomar uma atitude diante do povo de
Israel e diante dos Gibeonitas:
“Então,
chamou o rei os Gibeonitas
e lhes falou (ora os Gibeonitas
não eram dos filhos de Israel, mas do resto dos amorreus, e os filhos de Israel
lhes tinham jurado, porém Saul procurou feri-los no seu zelo pelos filhos de
Israel e de Judá).” – 2
Samuel 21:2
Para situar os leitores na história devemos voltar alguns anos
antes desse relato. Durante a gestão de Josué, os Gibeonitas (cidadãos da terra
de Canaã) temiam a sua destruição, então eles decidiram criar uma maneira de
poupar as suas vidas. O medo deles da destruição era tamanho que eles decidiram
enganar Josué, dizendo que eles vinham de uma terra distante.
E os moradores de Gibeão, ouvindo o que Josué fizera com Jericó e com Ai, usaram também de astúcia, e foram, e se fingiram embaixadores, e tomaram sacos velhos sobre os seus jumentos e odres de vinho velhos, e rotos, e remendados; e nos pés sapatos velhos e remendados e vestes velhas sobre si; e todo o pão que traziam para o caminho era seco e bolorento. E vieram a Josué, ao arraial, a Gilgal e lhe disseram, a ele e aos homens de Israel: Vimos de uma terra distante; fazei, pois, agora concerto conosco. – Josué 9:3-6
Sem pedir conselho a Deus, Josué faz uma aliança de não ataca-los
(Josué 9:14-15), porém três dias depois a verdade veio à tona (Josué 9:16,17);
porém, agora não podiam mais mata-los por causa do juramento de preserva-lhes a
vida. (Josué 9:18-20)
As escrituras deixaram claro que houve um pacto de não agressão
entre os Israelitas e os Gibeonitas; Porém, o Rei Saul descumpriu esse acordo e
levou a morte alguns dos Gibeonitas. Ao quebrar o acordo/juramento ele trouxe
consequências gravíssimas para o Povo de Israel. Quando Davi é informado por
Deus o motivo da fome, ele imediatamente pede que tragam diante dele algum
representante dos sobreviventes. Quando esses vieram diante do Rei, fizeram uma
exigência:
E disseram ao rei: Quanto ao homem que
nos destruiu e procurou que fôssemos assolados, sem que pudéssemos subsistir em
termo algum de Israel, de seus filhos se nos deem sete homens, para que os
enforquemos ao SENHOR, em Gibeá de Saul, o eleito do SENHOR. E disse o rei: Eu
os darei. – 2 Samuel 21:5,6.
Davi
fez exatamente o que os embaixadores Gibeonitas exigiram. Davi tomou os dois
filhos de Rispa, concubina de Saul, como também os 5 filhos da irmã de Mical,
Merabe, netos de Saul. No alto de um monte, os Gibeonitas enforcaram os sete ao
mesmo tempo:
Porém tomou o rei os dois filhos de
Rispa, filha de Aiá, que tinha tido de Saul, a saber, a Armoni e a Mefibosete,
como também os cinco filhos da irmã de Mical, filha de Saul, que tivera de
Adriel, filho de Barzilai, meolatita. E os entregou na mão dos gibeonitas, os
quais os enforcaram no monte, perante o SENHOR; e caíram estes sete juntamente;
e foram mortos nos dias da sega, nos dias primeiros, no princípio da sega das
cevadas. – 2 Samuel 21:8,9
É nesse momento que a história que começa a história de amor
dessa mãe. O relato nos informa:
“Então
Rispa,
filha de Aiá,
tomando um pano de cilício, estendeu-o para si sobre uma pedra e, desde o
princípio da sega até que a água caiu do céu sobre os corpos, não deixou que se
aproximassem deles as aves do céu de dia, nem os animais do campo de noite.” – 2 Samuel 21:10
Desse texto nós podemos destacar ao menos cinco dimensões do amor
materno de Rispa, e podemos fazer um paralelo com o amor de Deus para conosco.
#
Amor Abnegado – Rispa em sua tristeza, anulou-se completamente em sua
demonstração de amor. O relato nos diz que ela começou a velar os filhos desde
o princípio da “sega” até que começou a época das chuvas. Esse período pode ter
sido de alguns dias, semanas ou meses. Ela não apenas velou e protegeu os seus
filhos, mas também os de Merabe. Ela deixou a sua casa, seu conforto, para
proteger e velar os corpos, diante de todas as intempéries.
Esse amor seria uma amor insano, louco? De modo nenhum! Isso é
amor materno. Superado apenas pelo o amor de Deus por nós, em nosso Senhor
Jesus Cristo. As escrituras nos dizem:
“Deus é amor” – 1 João
4:8.
E o Apóstolo Paulo complementa essa ideia dizendo:
“Mas Deus prova o seu amor
para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” –
Romanos 5:8
Deus
nos mostrou o seu amor, através da figura de seu filho Jesus Cristo, através de
seu sacrifício abnegado pela a humanidade.
O
amor de mãe também é assim abnegado. Não visa os seus próprios interesses,
antes, zela pelos os filhos amados.
# Amor Abrangente – O amor maternal
de Rispa a levou a cuidar dos filhos de Merabe também. Goethe escreveu: “O
simples fato de ter filhos não torna a mulher mãe”. Isso é verdade. Aonde
estava Merabe enquanto Rispa zelava e protegia os seus filhos? Não sabemos! Mas
Rispa como uma verdadeira mãe, estava lá ao lado dos cadáveres de seus filhos e
dos filhos de Merabe. Ela lutou contra as aves de rapina e protegeu contra os
animais do campo a noite.
Porém
o amor de nosso Deus é ainda maior e mais intenso. O apóstolo João nos diz:
“Vede
que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados de filhos
de Deus” – 1 João 3:1
Deus
nos ama, da mesma forma que ama o seu filho unigênito – Jesus Cristo. (João
3:16). A Bíblia ainda nos fala que Jesus, tendo
amando os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. (João 13:1)
O
amor de mãe é tão abrangente, que dizem que uma mãe pode ter 10 filhos, e esses
10 filhos receberão todo o seu amor de forma igual. Rispa comprovou isso. Ela
não apenas cuidou dos seus filhos, mas cuidou dos filhos de Merabe como se
fosse seus!
# Amor
Perseverante
– Rispa não desistiu de amar os seus filhos nem mesmo na morte. Nem as aves de
rapina e os animais selváticos não a fizeram retroceder. Ela não aceitava a
morte de seus filhos por um crime que eles não haviam cometido, e ainda sim,
ficarem lá expostos para servirem de alimento para os animais. Ela suportou dia
a dia o mau cheiro da decomposição dos seus cadáveres, pois achava injusto eles
não terem uma sepultura digna.
Do
mesmo modo Jesus não desistiu de nós. Ele disse até mesmo:
“Ainda
tenho ovelhas que não são desse aprisco; também me convém agregar estas, elas
ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor.” – João 10:16
Deus
demostra o seu amor perseverante, por todos, pois deseja que toda a humanidade
se reúna ao seu rebanho, ele nunca desistirá de nós.
Rispa
poderia ter desistido, afinal os seus filhos estavam mortos. Contudo, o coração
materno sempre fala mais alto. Velar os seus corpos era o mínimo que ela
poderia fazer por eles.
# Amor Corajoso – O relato
bíblico deixa claro que Rispa não deixou que as aves do céu se aproximassem dos
corpos durante o dia, e os animais do campo, de noite. Ela velava por eles dia
e noite, afugentando os abutres e os chacais atraídos pelo o cheiro de carne
podre, arriscando a perder a sua própria vida para proteger os corpos de seus
filhos. Tamanha era a devoção dessa mulher que ela após ter devotado a sua vida
para cuidar deles, não os abandonariam na morte.
Podemos
também fazer um paralelo com Jesus. O nosso Senhor se recusou de fazer a sua
própria vontade, a defender-se dos soldados, a descumprir as escrituras, a
amenizar o seu sofrimento e a desistir de morrer, ou seja, o nosso Senhor Jesus
demonstrou um amor corajoso por toda a humanidade, ele não precisava passar
pelos os martírios, mas assim o fez, por amor.
Amor
de mãe, é uma amor corajoso. Uma mãe de verdade enfrenta o que for pelos os
seus filhos. No caso de Rispa, ela desafiou até mesmo a morte.
# Amor Ressoante – A luta de Rispa
não foi em vão. Anunciaram a Davi o que Rispa
fizera, e isso fez com que o Rei tomasse uma atitude com relação aquela
situação:
“Quando foi anunciado a Davi o que fizera Rizpa, filha de Aías, concubina de Saul, ele foi e tomou os ossos de Saul e os de Jônatas seu filho, aos homens de Jabes-Gileade, que os haviam furtado da praça de Bete-Sã, onde os filisteus os tinham pendurado quando mataram a Saul em Gilboa; e trouxe dali os ossos de Saul e os de Jônatas seu filho; e ajuntaram a eles também os ossos dos enforcados.” – 2 Samuel 21:11-13
É interessante que o caso de Rispa motivou não somente Davi a
sepultar os ossos dos enforcados, como também a tomar providências em relação
aos ossos de Saul e Jônatas, dando um enterro digno. A amor de Deus também não
conhece fronteiras. O Apóstolo Pedro nos diz:
“Porque a promessa voz diz
respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos
Deus, nosso Senhor, chamar.” – Atos 2:39
Deus está interessado em todos, e as suas mensagens devem
ressoar nos corações dos que realmente o escutam, pois Deus nos chama
diariamente para o seu lado, para o seu amor, para que nós sejamos
coparticipantes de suas vindouras promessas.
Irmãos alguns podem se perguntar por que eu escolhi falar sobre
essa personagem, pouco conhecida. Eu o fiz, por que a atitude que essa mãe
teve, deve muito nos instruir nos dias atuais. Nós estamos vivendo em Igrejas
que a cada momento, os membros estão mais interessados nos seus próprios
interesses. Esses não se entregam por completo a Deus e aos irmãos – porém
Rispa, deixou o conforto de seu lar, para velar pelos os seus filhos. Hoje na
Igreja vemos irmãos que zelam pelos os da sua família, e esquecem dos
necessitados dentro do convívio cristão – porém Rispa em sua dor, além de
proteger os cadáveres de seus filhos, ela ainda lutou contra abutres e chacais
para defender os filhos de Merabe. Quem de nós negligencia um pouco da
convivência com os seus familiares para poder visitar os irmãos da Igreja? O
que essa mãe fez, ressoou aos ouvidos do Rei Davi, e este agiu de misericórdia
para com os seus filhos e também para os descendentes de Saul. Hoje o que nós
fizermos dentro ou fora da Igreja ressoará dentro de nossa localidade, para o
bom testemunho ou para o mau testemunho, assim devemos sempre pensar:
# O que está sendo ressoado ao eu respeito dentro da comunidade?
# Deus se alegra do que ouve?
Em
caso afirmativo, vocês podem ter a certeza que do mesmo modo que Davi agiu de
maneira compassiva para com Rispa, Deus irá também tratar a todos que tem feito
um bom nome diante Dele.
Desejo
que Todos possam tirar proveito dessa mensagem.
Leandro Rocha
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