30 de jul. de 2015

As Doutrinas da Graça - Graça Irresistível





A Confissão de Fé de Westminster nos apresenta a Doutrina da Graça Irresistível (Graça Eficaz):

"I. Todos aqueles que Deus predestinou para a vida, e só esses, é ele servido, no tempo por ele determinado e aceito, chamar eficazmente pela sua palavra e pelo seu Espírito, tirando-os por Jesus Cristo daquele estado de pecado e morte em que estão por natureza, e transpondo-os para a graça e salvação. Isto ele o faz, iluminando os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem as coisas de Deus para a salvação, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, renovando as suas vontades e determinando-as pela sua onipotência para aquilo que é bom e atraindo-os eficazmente a Jesus Cristo, mas de maneira que eles vêm mui livremente, sendo para isso dispostos pela sua graça." (Capítulo X, Seção I - Referências Bíblicas: João 15:16; At. 13:48; Rom. 8:28-30 e 11:7; Ef. 1:5,10; I Tess. 5:9; 11 Tess. 2:13-14; IICor.3:3,6; Tiago 1:18; I Cor. 2:12; Rom. 5:2; II Tim. 1:9-10; At. 26:18; I Cor. 2:10, 12: Ef. 1:17-18; II Çor. 4:6; Eze. 36:26, e 11:19; Deut. 30:6; João 3:5; Gal. 6:15; Tito 3:5; I Ped. 1:23; João 6:44-45; Sal. 90;3; João 9:3; João6:37; Mat. 11:28; Apoc. 22:17. ).

"II. Esta vocação eficaz é só da livre e especial graça de Deus e não provem de qualquer coisa prevista no homem; na vocação o homem é inteiramente passivo, até que, vivificado e renovado pelo Espírito Santo, fica habilitado a corresponder a ela e a receber a graça nela oferecida e comunicada." (Capítulo X, Seção II - Referências Bíblicas: II Tim. 1:9; Tito 3:4-5; Rom. 9:11; I Cor. 2:14; Rom. 8:7-9; Ef. 2:5; João 6:37; Eze. 36:27; João5:25.)

E o Catecismo Menor, respondendo à questão "O que é vocação Eficaz?" diz:

"Vocação eficaz é a obra do Espírito de Deus, pela qual, convencendo-nos de nosso pecado e de nossa miséria, iluminando nossos entendimentos no conhecimento de Cristo, e renovando nossa vontade, nos persuade e habilita a abraçar Jesus Cristo, que nos é oferecido de graça no Evangelho." (Pergunta n° 31- Referências Bíblicas: II Tm 1.9,9; Ef 1.18,20; At 2.37; At 26.18; Ez 11.19; Ez 36.26,27; Jo 6.44,45; Fp 2.13; Dt 30.6; Ef 2.5). 2

Quando estudamos essa doutrina nós não podemos dissocia-la das demais doutrinas destacadas no TULIP. A doutrina da Depravação Total nos mostra que a condição dos homens desde a queda é de total rebelião contra Deus, e se deixados por sua própria conta eles continuariam no mesmo estado de oposição/rebelião e dariam as costas a todas ofertas de salvação. Logo diante dessa perspectiva a morte de Cristo teria sido em vão, pois o “veredicto final” estaria nas mãos dos seres humanos, caídos e depravados. Deus conhecendo as inclinações do coração do homem, não deixou à mercê dos caprichos da vontade pecadora e mutável do homem a aceitação/recebimento da Graça salvífica, pelo o contrário, Deus através da missão do Espírito Santo, tem efetivamente realizado a sua obra de redenção. O Espírito Santo, transforma o coração daqueles que foram incondicionalmente escolhidos, trazendo-os ao arrependimento e à fé, e deste modo são feito herdeiros da vida eterna.

O teólogo e pastor americano R. C. Sproul em uma série de vídeos falando sobre a Teologia Reformada, nos informa que as Escrituras Sagradas nos ensinam que a Depravação do Homem em seu estado natural (apartado de Deus – Deixado aos seus próprios desejos) é radicalmente corrupto, e que ele nunca pode tornar-se santo através de qualquer poder próprio, pois ele está espiritualmente morto, e para ser salvo, ele depende única e exclusivamente de Cristo. Para que esse homem espiritualmente apartado de Deus e rebelde possa perceber a Graça da Salvação, a sua “hostilidade” deve ser removida antes que ele tenha qualquer desejo de fazer a vontade de Deus. Para que um pecador deseje a redenção através de Cristo, ele deve receber uma nova disposição mental (metanoia), e isso só ocorre quando Deus o transforma, e o faz nascer de novo – não da carne, mas do Espírito.

Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. - João 3:3

O Apóstolo Paulo sabiamente explanou sobre a condição do homem apartado de Deus:

Ele vos deu a vida quando estáveis mortos pelos vossos delitos e pecados, nos quais noutro tempo andastes conforme o curso deste mundo, segundo o chefe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência; - Efésios 2:1,2

Os seres humanos sem Deus, estão mortos em seus delitos e pecados, assim o movimento em direção à salvação não pode vir do homem - semelhantemente como um cadáver que não pode voltar a vida por sua própria vontade – pois a morte espiritual o impossibilita.

As escrituras nos relatam que Deus em sua soberania trabalhou de maneiras as quais a sua vontade se sobrepôs à do homem, abaixo listarei alguns textos bíblicos que corroboram para a nossa afirmação:

# Deus é soberano:

Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? – Isaías 43.13

# A sua vontade ou desígnio sobrepõe a vontade de todos – ninguém pode subjuga-la.

Lembrai-vos das coisas passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim. Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade. – Isaías 46.9-10

Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei. - Isaías 55.10-11

E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? - Daniel 4.35

Os textos bíblicos acima deixam claro que a “vontade” humana é inútil diante da “vontade” de Deus. Por mais que desejemos impor o nosso querer, no final o que se susterá é o querer de Deus e ninguém pode impedir a sua ação.

E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis. - Ezequiel 36.26-27

Nesse texto o profeta Ezequiel usou uma analogia para retratar a ação de Deus em nossas vidas. O texto bíblico mostra claramente Deus não apenas modificando o coração humano – substituindo vontades, desejos, sentimentos e inclinações - mas substituindo-o por um novo coração (não por nossa própria vontade, mas exclusiva e soberana vontade Dele), e Deus mediante o Espírito Santo, leva os Eleitos/Escolhidos a obedecê-lo.

# A Graça de Deus sobrepõe à vontade humana.

E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. - Deuteronômio 30.6

O nosso Deus, transforma o desejo do Eleito/Escolhido para que esse o adore com todo o “seu coração”, coração esse que foi regenerado e agora consegue vislumbrar o amor e graça dispensada por nosso Deus. Somente mediante a “circuncisão”, mediante a “transformação” de nossos corações é que podemos desfrutar da vida, e isso parte de Deus para nós, não o contrário. A parte de Deus não há vida, e a vida é oferecida por Deus aos seus escolhidos, assim somos compelidos a nos achegarmos a Deus por sua própria vontade que é irresistível (Isaías 43:13). E as escrituras nos mostram que somente aos eleitos, foram permitidas o conhecer a Deus – ter comunhão com Deus – conforme registrado em Mateus:

Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. - Mateus 11.25-27

O apóstolo João ainda nos mostra que o conhecer a Deus, não parte do desejo do homem, mas dá vontade de Deus. Ou seja, Deus se manifesta para quem ele quer, ou em outras palavras, a aqueles que são salvos, o são por que Deus os chamou irresistivelmente e a sua vontade não pode ser subjugada por ninguém.

Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. - João 1.12-13

A salvação é destinada apenas aos que foram chamados/enviados pelo pai ao senhorio de Cristo. O Apóstolo João deixa explícito essa relação entre o chamado do Pai e a aceitação pelo filho dos que foram regenerados no texto abaixo:

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora [...] Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. - João 6:37,44,45

Observamos também que tanto a remissão de pecados como o arrependimento, são provenientes de Deus. O homem caído não tem capacidade de voltar-se para Deus por suas próprias forças, por seus próprios meios – visto que este está morto em seus pecados – e a sua natureza o impede de buscar a Deus. Para que um pecador se arrependa faz-se necessária a atuação direta Deus. Somente quando Deus usa de sua Graça o pecador se arrepende, muda o seu caminho e converte-se ao nosso Senhor.

Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. - Atos 5.31

E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida. - Atos 11.18

Temos que ter em mente que Deus têm um propósito, e que esse propósito não pode e nem será frustrado, mesmo se a vontade do homem se contrapor a Dele, pois ninguém pode resistir a ele.

Todos os habitantes da terra são tidos como nada; ele faz conforme a sua vontade no exército do céu e entre os habitantes da terra, e não há quem possa resistir a sua mão, nem lhe dizer: Que fazes? - Daniel 4:35
Deus predestina homens para cumprir Sua vontade de acordo com o fim que Ele deseja. Mas, sabendo da falha humana, Deus "capacita" os homens que predestinou para cumprir Seu desejo de salvação para que eles possam alcançá-lo, ficando impossível, assim, alguém frustar nossa salvação, já que o próprio Deus a planejou.

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? - Romanos 8.28-32

Vejamos agora o seguinte argumento do Apóstolo Paulo, que mostra literalmente a sobreposição da vontade de Deus sobre a vontade do homem:

Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? - Romanos 9:18-24

Para todos os que defendem a Doutrina da Graça Irresistível veem nesse texto um grande fundamento. Logo de antemão Deus estabelece a diferença entre os seus desígnios e a compreensão humana, ao dize que Ele se “compadece” e “endurece” de quem Ele quiser. Vemos então Deus tratando pessoas de formas distintas (dispondo de sua graça a alguns, e mantendo outros em seu próprio caminho de perdição), e muitos arminianos e universalistas logo questionam:

"Se o coração do homem é endurecido pelo o próprio Deus para não o obedecer, como pode Deus depois ser “injusto” em castiga-lo?"
 
O Apóstolo já antevendo esse questionamento nos diz:

Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? - Romanos 9:20

O Apóstolo Paulo deixou claro que Deus decidiu mostrar misericórdia e livrar do juízo condenatório, alguns pecadores, não por mérito, ou pré-ciência, não, apenas por amor, e ninguém pode questioná-lo, pois ele é Deus o nosso Criador, e o criador tem total autoridade sobre a sua criatura, como um oleiro tem autoridade sobre o barro que está em suas mão, para fazer dele o que lhe aprouver (versículo 22). O Apóstolo Paulo no capítulo 9 da Epístola aos Romanos defendeu a predestinação (versículo 11), a graça irresistível (versículo 19) e Depravação Total (versículo 22) e eleição (versículos 23-24).

O Apóstolo Paulo continua a trabalhar a Doutrina da Graça Irresistível nas cartas pastorais. Ele nos diz em 1 Coríntios 4:7:

Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido? – 1 Coríntios 4:7

Muitos dos crentes em Corinto estavam se exaltando acima de outros por seus dons, por sua “salvação” e isso estava criando um grande problema na igreja. Paulo ao escrever esse versículo buscava erradicar o espírito de soberba que estava nascendo. Ele deixa claro que tudo o que recebemos não é por mérito nosso, mas por misericórdia de Deus. Foi o querer (irresistível) de Deus que os compeliu a servi-lo. A nossa capacidade de seguir, servir e adorar é proveniente de Deus, e ele nos “tornou” capazes de ministrar as boas novas ao mundo.

Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica. - 2 Coríntios 3:5-6

Novamente o Apóstolo Paulo nos fala sobre a graça irresistível de uma maneira interessante. Ele interligou duas doutrinas – a da Predestinação com a Graça Irresistível – na epístola aos Gálatas:

Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue. - Gálatas 1:15-16

Paulo diz que Deus o separou (eleição) desde o ventre se sua mãe (predestinação) para a pregação do evangelho, mas não só isso, ele diz que foi “chamado” pela a graça de Deus quando este revelou a gloria de Seu Filho. Paulo não resistiu ao chamado de Deus, não, quando o Senhor lhe comissionou ele prontamente trabalhou na obra evangelística para qual desde o ventre de sua mãe ele foi destinado. Paulo não resistiu ao nascer, Paulo não resistiu quando confrontado por Jesus, Paulo não resistiu quando foi revivificado espiritualmente pela a Graça de Deus, ele apenas serviu.

A Graça se torna irresistível não por que Deus nos "robotiza" a nossa vontade, mas por que ele amputa nossa vontade depravada e a substitui pela Sua. Além disso Deus nos dá os meios de entender e seguir o seu caminho, abrindo e iluminando os nossos olhos do entendimento, começando e completando um processo irreversível e irrecusável.

Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade [...] Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobre excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder. - Efésios 1:11,18,19

Em Efésios capítulo 2, Paulo nos apresenta a realidade da nossa salvação. Todos nós estávamos mortos, em nossos pecados e delitos seguindo o curso normal da nossa vida (fadadas ao inferno), porém Deus usando de sua Soberania e Misericórdia, nos ressuscitou quando ainda éramos pecadores, e nos agraciou com a sua Salvação. Podemos ilustrar isso como se estivéssemos andando em direção a um precipício fadados a morte, mas todos nós que estamos nessa caminhada estamos com os olhos vendados e os ouvidos tapados – estamos caminhando, mas não sabemos para onde... Deus porém, resolve destapar nos nossos olhos e ouvidos, de modo que podemos ver a nossa real situação, e nesse exato momento, decidimos correr contra a massa de gente. Nós estávamos mortos em nossos pecados e delitos andando em direção ao precipício, mas Deus nos concedeu a sua graça que nos permitiu ver a nossa pecaminosidade e assim voltarmos de nosso proceder. Para mim as palavras do Apóstolo Paulo em Efésios capítulo 2 sintetizam todo o pensamento reformado.

E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados, em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. - Efésios 2.1-10

Para reforçar ainda mais a fundamentação bíblica da Doutrina da Graça Irresistível podemos ler os seguintes versos abaixo:

# O Crer provém de Deus

Porque a vós vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer nele, como também padecer por ele. - Filipenses 1:29

# O nosso querer e efetuar provém de Deus

Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade. - Filipenses 2:13

# Deus nos chamou de modo irresistível para o seu próprio propósito

Que nos salvou, e chamou com uma santa vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos. - 2 Timóteo 1:9

Os planos de Deus nunca se frustram. Ele determinou predestinar alguns para a salvação (Conforme Romanos 8 e 9, Efésios 1 e 2, Gálatas 1 entre outros), não levando em conta obras presentes ou futuras, mas pela sua própria vontade (toda e qualquer obra que nós possamos fazer, sempre será digna do inferno visto que o homem sem Deus está morto e Romanos 3:23 nos ensina que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus). Nenhum ser humano tem capacidade de resistir a Deus – Jesus nos diz em Mateus 5:36 que nós não temos poder ou capacidade de tornar um dos nossos fios de cabelo branco ou preto (algo simples), quanto mais interferir nos decretos de Deus – e se a salvação dependesse da aceitação do homem nenhum se salvaria!

Se alguém resiste, não resiste a Deus, pelo contrário foi exatamente Deus que ainda não lhe concedeu o arrependimento, impedindo-o de conhecer a verdade (Deus não dá o arrependimento a todos, e o arrependimento não pode vir da vontade homem conforme os seguintes textos: Mateus 11:25-27, João 5:21,25, João 6:37,44,45, Atos 5:31 e Atos 11:18)

Instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade, e tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão presos. - 2 Timóteo 2.25-26

A misericórdia e amor de nosso Deus não estão ligados as quaisquer obras de “justiça do homem”, em outras palavras, Deus não ama o homem, por que este é de algum modo bom, mas o homem só se torna aceitável a Deus quando Ele usa de misericórdia para conosco.

Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. - Tito 3:4-5


Somente pela a vontade de Deus na obra de Cristo, somos levados a salvação.

Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas. - Tiago 1:18.

Só podemos viver em verdade se Deus assim nos "gerar" pela vontade Dele e não nossa. (Ninguém é gerado pela sua própria vontade, antes a mãe decide ter um filho). E a semente agora é incorruptível, mantida pela a palavra de Deus que vivifica, e faz com que o homem permaneça vivo para sempre.

Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. – 1 Pedro 1:23

Em suma definimos a Graça Irresistível como sendo o mover de Deus na vida homem corruptível, quando Deus tira o homem do seu estado natural de pecado e morte (por meio de Cristo), e leva-os mediante sua graça à salvação. Deus ilumina os seus entendimentos espiritualmente a fim de compreenderem os seus desígnios, tirando-lhes os seus corações de pedra e dando lhes corações de carne, e mediante o Espírito Santo renova as suas vontades.

Espero que esse material seja proveitoso para desvelar as dúvidas concernentes a essa Doutrina. O próximo tópico a ser analisado será o “P” do TULIP - Perseverance of the Saints – (Perseverança dos Santos).

Graça e Paz

Leandro Rocha


4 comentários:

  1. Meus caros,
    A abordagem que vocês usaram nesse texto foi muito "eficaz". A abordagem feita pelo o autor foi partindo de um pré suposto que a graça é irresistível, e não foi tentada provar nenhuma alegação mas apenas a estabelecer como sendo verídica. A estratégia de começar pautado na confissão de fé de Westminster foi ótima, por que os colocou como sendo calvinistas, e todos os textos serviram apenas para corroborar com a visão de vocês.
    Muito boa essa série de comentários sobre o TULIP. Espero que possam vir mais postagens interessantes.

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  2. Prezados Irmãos em Cristo,

    É com grande satisfação que venho a colaborar com um comentário, que espero seja construtivo. Antes de tudo deixe-me dizer que vim a conhecer o blog através de um compartilhamento da mensagem - Controvérsia Armínio-Calvinista – A origem do Sínodo de Dort - onde eu pude ver que o autor detinha um vasto conhecimento sobre o assunto, de modo que não pude perceber emendas textuais, ou seja, partes enxertadas, ou ideias vagas em todo o corpo do texto e isso me deixou muito feliz. Após a leitura do primeiro comentário esperei ansiosamente pelos os demais, que posso dizer me deixaram satisfeitos (ao menos em parte). Vocês parentemente tem um grande conhecimento e KnowHow dos assuntos desenvolvidos, mas vocês não colocam no corpo do texto as referências que lhes levaram ao tão raciocínio exposto. O Autor Leandro Rocha é um Engenheiro, e independentemente do tempo de sua graduação ele deve estar ciente de uma matéria que serve de base para todos os graduandos (ela é a base para a formatação de todo e qualquer trabalho acadêmico) a disciplina Método e Técnicas de Pesquisas ou Metodologia Ciêntífica. Todas as ideias que vocês estão apresentando não sairam de suas cabeças, assim sendo existe a necessidade de linkar os argumentos com os "argumentadores".

    Segue-se um exemplo:

    Ainda acerca da ideia de Frighetto podemos, relacionando-o novamente com Barros, concordar com a ideia de que Santo Agostinho estava

    Interessado em livrar o Cristianismo de qualquer acusação ou responsabilidade pela queda do Império – já que à sua época autores pagãos insinuavam ou argumentavam bastante abertamente que a sujeição de Roma por povos pagãos eram claros sinais de que o Império estaria sido punido pelos deuses por sua adoção do Cristianismo – ocupa-se em trabalhar com a ideia de um “declínio” que teria sido provocado precisamente pela corrupção dos costumes pagãos, que de acordo com sua argumentação, já viria de tempos anteriores (BARROS, 2011, p. 559).

    No texto acima vemos como um argumento pode ser fundamentado: o texto começa normalmente em "Ainda" e vai até "Estava", porém para inserir a explicação do "Barros" foi dado um "Enter", espaçamento de "4" e a inserção do texto. no fina foi posto a referência: (BARROS, 2011, p. 559) - BARROS (Nome do Autor), 2011 (Ano da publicação do Livro) p. 559 (página de onde foi tirado o trecho).

    Tomando esses cuidados de referenciar as informações os textos ficam muito mais profissionais. Não podemos esquecer que também devemos referenciar o Livro na Referência Bibliográfica

    Referência Bibliográfica

    BARROS, José D'Assunção. Passagens de Antiguidade Romana ao Ocidente Medieval: leituras historiográficas de um período limítrofe. História [online]. 2009, vol.28, n.1, pp. 547-573. Disponível em: Acesso em: 30 set. 2011.

    Meus queridos se assim vocês fizerem o trabalho de vocês ficarão melhores e com certeza estarão aptos para a confecção de livros posteriormente.

    Acesse esse link: http://www.ufrgs.br/cursopgdr/downloadsSerie/derad005.pdf

    Fiquem na paz de Cristo.

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    1. Agradecemos os elogios e as observações. Nós estaremos fazendo ajustes em nossos comentários para deixá-los mais técnicos. Embora a abordagem do blog seja a apresentação de temas teológicos em forma de "comentários" e não artigos técnicos, vemos a importância de propor uma referência técnica e citações quando elas se fizerem necessárias.
      Muito obrigado pelo o contato.

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  3. Se Paulo não resistiu o que é recalcitar ?


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