"Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós
com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas se ele
não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer
acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas’. Se ele
se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se recusar a ouvir também a
igreja, trate-o como pagão ou publicano. "Digo-lhes a verdade: Tudo o que
vocês ligarem na terra terá sido ligado no céu, e tudo o que vocês desligarem
na terra terá sido desligado no céu. "Também lhes digo que se dois de
vocês concordarem na terra em qualquer assunto sobre o qual pedirem, isso lhes
será feito por meu Pai que está nos céus. Pois onde se reunirem dois ou três em
meu nome, ali eu estou no meio deles". Então Pedro aproximou-se de Jesus e
perguntou: "Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele
pecar contra mim? Até sete vezes?" Jesus respondeu: "Eu lhe digo: não
até sete, mas até setenta vezes sete." – Mateus 18: 15-22
A
disciplina eclesiástica está em correndo risco de extinção, ameaçada pelo
“individualismo” e a “pseudoliberdade” de escolha. Nessa "nova era"
antropocêntrica, a igreja é vista como uma organização altamente dependente do
indivíduo, e que precisa conservá-lo ao custo de várias exceções. O medo da
impopularidade leva muitos líderes à cumplicidade e pecados são justificados em
nome de uma atitude mais "humana". Por outro lado, muitos, em nome do
zelo pela disciplina, cometeram injustiças e causaram mais males que bens.
Entretanto, a disciplina é necessária na igreja, hoje e em todas as épocas,
quando exercida com amor. O termo "disciplina," em geral, é empregado
em vários sentidos: como forma de ensino, no exercício da ordem, no exercício
da piedade ou em medidas corretivas no seio da igreja. É notável que na tanto
na primeira [Mateus 18:15-17] quanto na ultima [Apocalipse 3:19] referência no
Novo Testamento sobre a Igreja local, o tema sobre a necessidade de disciplina
é mencionado.
Abaixo temos
algumas formas de disciplina mencionadas na Bíblia:
#
Disciplina Divina - onde Deus mesmo corrige os Seus filhos pessoalmente (Atos
5:1-11).
#
Disciplina Própria - onde nós mesmos corrigimos as nossas atitudes erradas (1
Coríntios 11:31)
#
Disciplina no Lar - onde os pais corrigem seus filhos (Efésio 6:4).
Além
destas, muitas vezes há a necessidade de disciplina na igreja. A igreja tem
autoridade, dada por Deus, para disciplinar (Mateus 16:19; 18:18). A autoridade
na disciplina nunca vem daquele que a aplica, mas daquele que a ordenou, ou
seja, o Cabeça e Senhor da Igreja, Cristo (Efésios 1:22-23). A igreja local
aplica a disciplina em nome de Deus. A pergunta a ser feita não é “com que
direito a igreja disciplina?”, mas: "Com que direito um membro da Igreja
do Cordeiro profana o sangue da aliança e ultraja o Espírito da graça?"
(Hebreus 10:29). Nenhum direito nos é dado, mas sim a responsabilidade de amar
o pecador e vigiar para que também não caiamos (1 Coríntios 10:12).
Os propósitos da
disciplina são:
1
- Manter a reputação de Deus (Romanos 2:23,24). Deus é santo e exige que o seu
povo também o seja e que haja santidade na sua congregação (Deuteronômio 7:6;
28:9; 23:14). O céu é santo (Salmos 20:6), o Nome de Deus é santo (Salmos
30:4), o trono de Deus é santo (Salmos 47:8), o homem de Deus é santo (Salmos
106:16), o caminho de Deus é santo (Isaías 35:8), os mandamentos de Deus são
santos (Romanos 7:12), o temor a Deus é santo (Hebreus 12.28), os anjos são
santos (Atos 10:22), JESUS é Santo (Marcos 1:24), O Espírito é Santo (Lucas
3:22) e Ele nos ordena que sejamos santos (1 Pedro 1:15,16; Apocalipse 22:11).
2
- Proteger a pureza moral e a integridade doutrinária da igreja (1 Coríntios
5:6,7; 2 João 7-11; 1 Timóteo 1:13). A igreja não pode tolerar o pecado
(Apocalipse 2:20). Se Cristo deseja sua igreja "sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, porém santa e sem defeito" (Efésios 5:27), a disciplina
eclesiástica é altamente relevante, pois é um meio instituído por Deus para
manter pura a sua igreja. O servo de Deus sempre deve almejar a pureza da noiva
do Cordeiro (2 Coríntios 11:1-3), mesmo diante da possibilidade da sua
contaminação pelo mundo.
3
- Salvar a alma do crente e restaurá-lo à comunhão com Deus e com a igreja
(Mateus 18:15; Tiago 5:19,20; 2 Coríntios 2:7,8; 10:8; Hebreus 12:6-11; 2
Tessalonicenses 3:6-15; 2 Timóteo 2:22-26).
4
– Dissuadir e Persuadir outros a não pecarem, temendo a disciplina (1 Timóteo
5:20; At 5:11).
A
disciplina não é obrigatoriamente sinônimo de exclusão, assim como o remédio
para tratar um membro doente não é a amputação, senão em último recurso. Isto
ocorre frequentemente por falta de habilidade para tratar o caso e por falta de
misericórdia por parte dos crentes. A disciplina tem o propósito de educar,
corrigir, livrar do mau caminho (Provérbios 6:20,23; 5:22,23).
Passos para a
disciplina, ensinados por Jesus:
1
- Repreensão particular (Mateus 18:15; 1 Tessalonicenses 5:14; Hebreus 10:25).
Uma das melhores coisas a se fazer por um irmão em pecado é confrontá-lo em
amor (Provérbios 27:5-6).
2
- Com testemunhas (Mateus 18:6; João 8:17; 2 Coríntios 13:1; Hebreus 10:28; 1
Timóteo 5:19), com o propósito de conscientizar o ofensor quanto aos prejuízos de
sua atitude para com a comunidade do corpo de Cristo e prover testemunhas. Isto
é uma referência à prática do AT de não se condenar alguém com base apenas em
uma opinião pessoal (Números 35:30, Deuteronômio 17:6 e 19:15).
3
- Repreensões pública (Mateus 18:17). Diante de tal pronunciamento cada membro
do corpo de Cristo deve orar pelo pecador, evitar comentários desnecessários (2
Tessalonicenses 3:14-15) e vigiar a si próprio (1 Coríntios 10:12). Tal
oficialização pública da disciplina traz implicações temporárias em relação aos
sacramentos (1 Coríntios 11:27);
4
- Desligar da comunhão (Mateus 18:17). Nesse caso, o ofensor é tido como gentio
(a quem não era permitido entrar nos átrios sagrados do templo do Senhor) e
publicano (que eram considerados traidores e apóstatas: Lucas 19:2-10). Com
estes não há mais comunhão cristã, pois deliberadamente recusam os princípios
da vida cristã (1 Coríntios 5:11). Se o seu pecado é heresia, ou seja, o desvio
doutrinário das verdades fundamentais ensinadas nas Escrituras, eles não devem
nem mesmo ser recebidos em casa (2 João 10-11).
A
disciplina deve ser exercida em amor (Hebreus 12:6-11; Efésios 4:15; 2
Tessalonicenses 3:15; 2 João 6; 2 Coríntios 2:6-8; Provérbios 13:24), mansidão
(2 Timóteo 2:24,25; Gálatas 6:1), bondade (Romanos 15:14), paciência (1
Tessalonicenses 5:14) e com pesar (1 Coríntios 5:1,2).
As
Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício do seu amor por seus
filhos (Hebreus 12:4-13). Amor e disciplina possuem conexão vital (Apocalipse
3:19). Além do mais, disciplina envolve relacionamento familiar (Hebreus
12:7-9), e quando os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está
apenas tratando-os como seus filhos. A disciplina que vem do Senhor "é
para o nosso bem (Hebreus 12:10)." Ainda que seja inicialmente doloroso
receber disciplina, a mesma produz paz e retidão (Hebreus 12:11). O propósito
de Deus em disciplinar não é o de incapacitar permanentemente o pecador, mas
antes de restaurá-lo à saúde espiritual (Hebreus 12:13).
A
igreja não pode ser: “o único exército que abandona seus feridos no campo de
batalha”.
O
pecador impenitente deve ser afastado, antes que contamine outros (Romanos
16.17; 2 Tessalonicenses 3:6, 14; 1 Coríntios 5:6-13; 1 Timóteo 1:20)
O
Obreiro que causar escândalo deve ser tratado com o mesmo rigor (1 Timóteo
5:19,20; Gálatas 2:11-18)
Motivos para
disciplina/afastamento:
#
Divisões e escândalos (Romanos 16:17; Tito 3:10-11; Atos 20:29,30; 16:17-20)
#
Devassidão, idolatria, bebedices, roubo, maledicência (Romanos 5:11)
#
Heresia (2 João 6,9,10)
#
Imoralidade (1 Coríntios 5:1);
#
Blasfêmia - ensinar doutrina errada sobre a pessoa e obra do Senhor Jesus
Cristo (1 Timóteo 1:20).
Os
pecados que foram explicitamente disciplinados no Novo Testamento eram
conhecidos publicamente e externamente evidentes, e muitos deles haviam
continuado por um período de tempo.
Casos que precisam
de orientação, mas não punição:
#
Tropeço (Gálatas 6:1) - Neste caso o pecado não foi planejado e não era costume
da pessoa agir assim.
#
Dúvidas sobre doutrina (Judas 16-23) - Estas pessoas não são falsos
instrutores, mas precisam de compaixão e esclarecimento.
#
Cristão Desobediente (2 Tessalonicenses 3:6-14) - Esta pessoa intromete na vida
de outros; ou não quer trabalhar para ganhar a sua vida material; passa muito
tempo nas casas dos outros falando o que não deve; usa a Palavra publicamente
para atacar outros. Toda a igreja deve mostrar que não está gostando do seu
comportamento e não deve dar oportunidades para ele.
A
disciplina visa à restauração. Portanto, o disciplinado deve ser acompanhado e
orientado pela igreja em todo o tempo da sua disciplina. Não deve ser afastado
dos cultos de instrução e oração, pois neste momento ele está fraco e
precisando alimentar seu espírito com as coisas de Deus.
O
arrependido e disciplinado deve ser genuinamente perdoado (Lucas 17:3). Deus
perdoa, mas a igreja local muitas vezes não esquece, mas isola o irmão e o trata
como se não tivesse sido perdoado. A igreja precisa perdoar como Deus o faz
(Miquéias 7:18,19).
Paulo
exorta a igreja para que manifeste perdão, conforto e reafirmação de amor para
com o arrependido, para que "o mesmo não seja consumido por excessiva
tristeza" (2 Coríntios 2:7-8). Outra razão para esta exortação é para que
"Satanás não alcance vantagem" sobre a igreja, criando amargura,
discórdia e dissensão (2 Coríntios 2:11).
Há
sempre a possibilidade de que o disciplinado não se submeta à disciplina, e
acuse a igreja. Tal atitude apenas manifesta ignorância e estupidez (Provérbios
12:1 - tradução literal). Segundo as Escrituras, é o pecado e a determinação em
segui-lo que gera repreensão, e não a disciplina (1 Coríntios 5:5 e 1 Timóteo
1:20). O homem espiritual deve submeter-se à disciplina (Hebreus 13:17) e não
rejeita-la, pois isso seria seu fim (Provérbios 5:11-14).
Irmãos
desejo que todos tenham mente que necessitamos das orientações de nosso Deus e
Pai, e Ele como Pai amoroso deseja que os seus filhos recebam tudo do bom e
melhor, isso inclui as vezes disciplina e correção. Meditemos nas suas santas
escrituras quando dizem:
“Como é feliz
aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores,
nem se assenta na roda dos zombadores!
Ao contrário, sua
satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.” – Salmos
1:1,2
"Que
o Amor de Deus, a Paz de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e a consolação do
Espírito Santo sejam com o povo de Deus hoje e sempre. Amém"
Por: L.R
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