Diariamente
somos bombardeados com notícias que nos deixam perplexos do ponto de vista
cristão. A sociedade está a cada dia se deixando levar por falsos mestres e
falsos pastores (2 Pedro 2:1-3; Mateus 7:15-20; Romanos 16:17,18; 1 João 4:1)
E também houve entre o povo falsos profetas, como entre
vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de
perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos
repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será
blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com
palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença,
e a sua perdição não dormita. - 2 Pedro 2:1-3
Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós
disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus
frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos
dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má
produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar
frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. – Mateus 7:15-20
Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões
e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os
tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao seu ventre; e com palavras suaves
e lisonjas enganam os corações dos inocentes. - Romanos 16:17,18
Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os
espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo. - 1
João 4:1
Muitos
ditos "Pastores" e "Mestres" buscam obter respeito ou
autoridade usurpando-se das palavras descritas 1 Samuel 24:6, 1 Samuel 26:11, 1
Crônicas 21,22 e Salmos 105:15 onde é dito a seguinte sentença: "Não
toqueis no ungido do senhor (ou não toqueis nos meus ungidos). Essa declaração
tem sido levantada como um estandarte por pregadores e pastores neopentecostais
para reprimir toda e qualquer acusação que recaiam sobre eles, trazendo assim
um julgamento e punição contra os seus acusadores, pois estes estariam indo
contra o escolhido do próprio Deus. Muitos irmãos leem essas passagens, porém
não conseguem extrair, abstrair delas o real significado.
Quando
a Bíblia usa a expressão “ungido do Senhor” ao referenciar-se aos reis de
Israel, ela o faz por que os mesmos foram postos em suas posições por
determinação e escolha direta de Deus; Deus comissionava os profetas (como
Samuel) para efetivarem ou separar os escolhidos de Deus para o serviço
monárquico, mediante o derramamento de óleo sobre as suas cabeças - esse rito
chamava-se unção. As escrituras relatam que o Profeta Samuel realizou duas
unções - a de Saul (conforme 1 Samuel 10:1) e subsequentemente a de Davi (1
Samuel 16:13).
Então Samuel tomou um vaso de azeite, e o derramou sobre
a cabeça de Saul, e o beijou, e disse: Porventura não te ungiu o Senhor para
ser príncipe sobre a sua herança? - 1 Samuel 10:1
Então Samuel tomou o vaso de azeite, e o ungiu no meio
de seus irmãos; e daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apoderou de
Davi. Depois Samuel se levantou, e foi para Ramá. 1 Samuel 16:13
O
"Rei Ungido" Davi reconhecia que Saul que estava na posição de Rei
(ou ocupava o cargo monárquico) devido o designo de Deus, mesmo que este
estivesse usando a sua posição de forma indigna. Assim a recusa em matar Saul,
era por que Davi não queria ser acusado de ter em suas mãos o sangue do ungido
por Deus para assumir o seu lugar como rei de Israel. Porém nós temos que
observar uma diferença entre "matar" e "confrontar"; Davi
não fechou os olhos para as abominações que Saul estava praticando contra Deus,
e ele diversas vezes confrontou as perversidades e as injustiças Saul - 1
Samuel 24:15.
Seja,
pois, o Senhor juiz, e julgue entre mim e ti; e veja, e advogue a minha causa,
e me livre da tua mão. – 1 Samuel
24:15
Davi
não buscou matar Saul (o ungido do Senhor), porém invocou o juízo de Deus contra
aquele Rei diante de todo o seu exército, além de solicitar a Deus castigo
contra Saul devido as falsas acusações contra Davi - 1 Samuel 24:12.
Julgue
o Senhor entre mim e ti, e vingue-me o Senhor de ti; a minha mão, porém, não
será contra ti. – 1 Samuel
24:12
Davi
deixou nas mãos de Deus o julgamento ou punição contra Saul, onde o próprio
Deus reclamaria a vida daquele monarca por seus pecados e infidelidade - 1
Samuel 26:9-10; Hebreus 10:31.
Mas Davi
respondeu a Abisai: Não o mates; pois quem pode estender a mão contra o ungido
do Senhor, e ficar inocente? Disse mais
Davi: Como vive o Senhor, ou o Senhor o ferirá, ou chegará o seu dia e morrerá,
ou descerá para a batalha e perecerá; - 1 Samuel
26:9-10
Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus
vivo. – Hebreus 10:31
Durante
o seu exílio Davi compôs vários salmos, onde ele orava para que Deus o livrasse
de seus inimigos (inclui-se aqui o próprio Saul), e isso fica claro no Salmo 18
onde lemos que Deus o livrou das mãos do "homem violento" (Salmos
18:48), e que Deus tomou "vingança" subjugando aqueles aquém o
perseguiam (Salmos 18:47). Ou seja, Davi não queria ser aquele que haveria de
matar o perverso e ímpio Rei Saul, pelo fato de o mesmo ter sido ungido pelo o
próprio Deus para ser Rei de Israel. Davi respeitava a Saul como Rei de Israel,
porém ele tinha uma autoridade maior para ser respeitava - Deus. O amor, zelo e
confiança que Davi tinha em Deus o impeliu a enfrentar, confrontar, invocar o
juízo e a vingança de Deus contra Saul, e por fim entregá-lo nas mãos do Senhor
para ser castigado por seus pecados. Davi enfrentou Saul por que esse
desviou-se dos caminhos do Senhor e assim se tornou repreensível.
O
que é difícil de entender por que os pastores e líderes neopentecostais tomam a
história da recusa de Davi em matar Saul, (pelo o fato dele ter sido "o
ungido do Senhor"), para servir de base para o descabido pensamento de não
questionar, confrontar, contradizer, discordar e mesmo enfrentar com ardor
pessoas que ocupam posição de autoridade nas igrejas quando os mesmos se tornam
repreensíveis no ensino doutrinário e na prática (pessoal e litúrgica). Todo
líder espiritual (Pastores, Presbíteros, Diáconos, Reverendos, Bispos, Mestres
etc.) merecem toda a nossa confiança e respeito, e devemos observar a
autoridade deles – enquanto, é claro, eles estiverem submissos à Palavra de
Deus, pregando a verdade e andando de maneira digna, honesta e verdadeira.
Quando se tornam repreensíveis, devem ser corrigidos e admoestados. Paulo
orienta Timóteo da seguinte maneira, no caso de presbíteros (bispos/pastores)
que errarem:
"Não aceites denúncia contra presbítero, senão
exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que
vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais
temam" - 1Timóteo 5:19-20.
O
versículo acima diz: “que vivem no pecado”.
Analisando o contexto, o Apóstolo Paulo está fazendo uma direta referência aos
presbíteros mencionados no versículo anterior, e os mesmos deveriam e devem ser
repreendidos/questionados/confrontados publicamente (diante de toda a Igreja).
O mais impressionante é que em nenhuma passagem das escrituras nós observamos,
Jesus ou os apóstolos se valendo desse pensamento de "imunidade da
unção" quando estes foram perseguidos, acusados ou vituperados pelos os
"seus irmãos". O melhor exemplo é o do próprio apóstolo Paulo, que
fora "ungido" por Deus para o ofício de apóstolo dos gentios. Paulo
sofreu ironia, escárnio, ultraje, sarcasmo nas mãos dos irmãos de Corinto, que
ele próprio chamava de filhos na fé como observamos:
Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar
sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar
convosco. Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em
último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos
espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. Nós somos loucos por causa
de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e
nós, desprezíveis. Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos
esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as
nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos,
suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado
a ser considerados lixo do mundo, escória de todos. Não vos escrevo estas
coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos
meus amados. Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não
teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo
Jesus. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores" - 1Coríntios
4:8-17.
É
interessante observar nesse relato que nenhuma única vez, o Apóstolo Paulo
repreendeu a igreja ou os seus pontuais acusadores com a expressão: “como vocês
ousam se levantar contra o ungido do Senhor!”. Irmãos lembremos que todos nós
fomos ungidos pelo o Senhor quando fomos batizados pelo o Espírito Santo no
momento de nossa conversão, e esse Espírito nos impele a trabalhar para Deus
com todo o nosso empenho, amor e zelo, e aqueles que verdadeiramente foram
ungidos por Deus para o trabalho pastoral, não respondem aos questionamentos e
críticas, emudecendo as ovelhas com a frase “não me toque que sou ungido do
Senhor,” mas sim com a pregação da verdade, trabalho, argumentos fundamentados
na Bíblia, verdade e sinceridade, dizer “Não toque no ungido do Senhor” é a
pura fuga para aqueles não tem argumentos fundamentados para dar como resposta.
Irmãos,
hoje vemos que grande parte da “igreja” se encontra presa em conceitos não
bíblicos, dos quais essa “imunidade do ungido” está enquadrada, porém essa não
é a única falácia teológica ou litúrgica que falsos mestres e falsos pastores
tem impregnado dentro da sociedade cristã. Muitos irmãos têm se levantado
contra essas HERESIAS apresentando a palavra de Deus como único fundamento para
a nossa vida, e assim tem se livrado das amarras legalistas que esse movimento tem
infundido na nossa sociedade. A visão dos pastores atuais é semelhante a
postura tomada pelo o clero da igreja Católica, onde o Papa é a autoridade
máxima, e questionar a sua postura e determinações é aos olhos deles afrontar o
próprio Deus, e assim punível com a excomunhão direto para o inferno. Devemos
lembrar que os pastores são homens pecadores e passíveis de erros, e assim é
dever da igreja se portar contra uma atitude não bíblica, ou que não reflita a
santidade e louvor a Deus. O próprio apóstolo Paulo questionou/inqueriu/se opôs
a uma atitude não cristã tomada pelo o Apóstolo Pedro registrada em Gálatas
2:11-21:
Quando, porém, Cefas veio a Antioquia,
resisti-lhe na cara, porque era repreensível. Pois antes
de chegarem alguns da parte de Tiago, ele comia com os gentios; mas quando eles
chegaram, se foi retirando e se apartava deles, temendo os que eram da
circuncisão. E os outros judeus também
dissimularam com ele, de modo que até Barnabé se deixou levar pela sua
dissimulação. Mas, quando
vi que não andavam retamente conforme a verdade do evangelho, disse a Cefas
perante todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como os judeus,
como é que obrigas os gentios a viverem como judeus? Nós, judeus
por natureza e não pecadores dentre os gentios, sabendo, contudo, que o homem não
é justificado por obras da lei, mas sim, pela fé em Cristo Jesus, temos também
crido em Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em Cristo, e não por
obras da lei; pois por obras da lei nenhuma carne será justificada. Mas se,
procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados
pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum. Porque, se
torno a edificar aquilo que destruí, constituo-me a mim mesmo transgressor. Pois eu
pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou
crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida
que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se
entregou a si mesmo por mim. Não faço
nula a graça de Deus; porque, se a justiça vem mediante a lei, logo Cristo
morreu em vão. - Gálatas 2:11-21
Imaginem a situação:
Paulo, um ex-Fariseu, um ex-perseguidor, um convertido que não havia andado com
Jesus (porém fora concebido como apóstolo fora do tempo – como abortivo),
estava repreendendo um dos Apóstolos escolhidos pelo próprio Senhor, aquele que
em um único discurso converteu 3000 almas, que havia aberto o caminho para a
pregação gentílica, aquele que o próprio Paulo chama de coluna (Gálatas 2:9)! E
qual foi a reação de Pedro? Ele por acaso disse que Paulo não podia “tocar/repreender
o ungido do Senhor?” Não, ele reconheceu o seu erro e mudou o seu proceder, por
que Paulo argumentou fundamentado na Palavra do nosso Senhor, e não no grito,
ou na imposição de autoridade querendo intimidar. Mas tarde o Apóstolo Pedro
recomenda as Epístolas/Cartas do Apóstolo Paulo para as igrejas em 2 Pedro
3:15,16.
Busquem ter a
palavra de Deus como frontal em suas vidas. Demande tempo lendo-a, estudando-a,
meditando sobre as palavras de Deus, pois somente por aprendermos a verdade
poderemos nos livras dos erros que existem nas igrejas. Não tenham medo do seu
pastor, antes temam o Senhor pois esse sim tem poder para lhe dar vida ou
fazê-los sofrer no inferno!
E não temais os que matam o corpo, e não
podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto
a alma como o corpo. –
Mateus 10:28
Desejo
que Deus possa abrir os olhos dos irmãos e que a luz do verdadeiro evangelho
possa penetrar e transformar as suas vidas para a glória de Deus.
Graça e Paz
Por Leandro Rocha
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